sábado, 24 de outubro de 2009
é..
Não sabia explicar e chegou a um ponto que não procurava mais alguma explicação. Querer explicar o que não adianta era em vão. Era em vão pensar em ti. Aliás, aquele moço já nem tinha mais seu eu próprio. Ele era o que restou da festa e o que sobrou do eclipse. Ele era o silêncio dolorido agregado aos fungos da mata extinta. Seu sofrimento era sem nome, sem cor, sem odor, sem luz, era apenas sofrimento. Sofrimento mais ponto final. Mesmo não entendendo muito de gramática, ele sabia que o ponto era o fim, e que precisava esperar o tal final chegar. Naquele momento ele necessitava a morte. Necessitava a ausência da vida e a esperança do nascimento. Não era somente necessidade. Era necessidade mais vontade mais silêncio triplicado. Ele só queria nascer, nascer e nascer. Ele era menino-jovem, menino- perdido, menino-amado.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
poema das 21:02
- não vi tua direção-,
não tive tempo para nada,
só senti meu sangue escorrendo,
escorria de tal forma que só fui sentir à coxa,
mas conheço tonalidade e cor do meu,
e este sangue não me pertence.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
#
encharcado de meu próprio suor,
bêbado do meu próprio sangue.
meu corpo joga na cara,
meu corpo grita meu medo,
e meu rosto inventa uma fuga e outra fuga;
o relógio adianta que é muito cedo.
não vou gastar minhas lágrimas de dor,
nem as de alegria;
sonhos são apenas sonhos;
- e paixão já não me pertence.
não sei o que a mim pertence.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
mom_ento
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
CCSP - 13:09 (algum dia)
tenho medo.
Continuo,
agarro o vazio,
policio os amores,
versos nú entrelaçam
o que é meu,
o que não tem dono,
e o que deixou de ser.
Meus pés travam:
Paro e olho para o meu corpo,
não me reconheço
e meu corpo grita, aclama e pede por palmas.
Vejo dedos salientes,
tronco negro,
joelhos calados,
pés de andarilho.
Começo a reconhecer- me,
entro em estado ísta,
não é uma mudança,
é apenas a - ressureição - de minha identidade.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Na curva central
apenas me encontro,
e me vejo encostado ao mar e a natureza calma.
O ar chega derrepente,
espero vento, mas só há ar hoje.
Chega de leve e se aconchega,
rela em meus dedos, me segura e lambe minha retina.
Agora, encontro- me entregue ao desconhecido,
algum corpo vazio predomina um outro cheio,
cheio de dores, tristezas e sorrisos.
Me vejo ao chão em segundos seguintes,
não há cor no primeiro momento, apenas formas para se colorir,
é um momento esdrúxulo e vai se amarelando.
As formas se restringem agora. Loucura minha, corpo teu.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
esta carne gasta
e essas angústias que não sai do corpo,
essa dor que sempre arde e que eu vejo passar;
arranho- me completamente até o sangue denunciar a dor,
até minha carne brilhar à luz do dia.
as baterias estalam e meu coração explode;
a energia é contrária;
quero o inevitável;
o desejo não pode se questionar: meu alimento.
não sei definir a angústia,
não tenho tal vontade;
minha sombra é minha dor,
minha angústia tem reflexo no prazer.
minha mente agora dilata,
dilata odores e formas;
é minha maneira de gritar;
modo único? óbvio que não.
só sei escrever quando sentimentos são profundos,
e neste instante não sei o que é ser profundo,
não sei o que sou, não sei o que sinto.
nem sei se sinto e se sou.
estou cá, lá, acolá,
e não estou.
as dores mais insanas são as de tardes ensolaradas,
tardes de suor e tesão morto.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
-
absorve o que é meu.
Meu egoísmo trava;
sou cavaleiro sem escudo e arma branca.
Próximo à dúzia de corações,
algo é maior:
o silêncio (the silence).
Nenhuma pessoa agora me observa.
Deixar de ser observado é uma alegria,
desespero é eu me observar:
Me olho de cinco maneiras diferente.
Porque aqui sou sozinho?
Não entendo tais angústias.
As angústias não são questionáveis,
é como a vibração de meus pés
na sala branca, cheia de um nada barulhento.