sábado, 17 de julho de 2010

#lá de cima - 14/10/2009

Sonhar é inclassificável,
sonhar às duas e trinta da tarde é profundo.
Daqui vejo sonhos de Teresa, Pedro e Augusto;
Sinto Carlos, Mário e Adélia sonhando também;
Percebo Gerson, Gerson, Gerson.

Silenciar meus prazeres é um sonho,
sonho que não desejo a – realização

segunda-feira, 12 de julho de 2010

#12/07

Ela resolveu ir até a outra linha do metrô. A linha que em plena segunda- feira perdia totalmente o sentido. Mas era isso que a deixava bem. Ela só queria andar e observar as pessoas. Parava de vez em quando para reparar nas atitudes a sua frente - naqueles que tinham pressa, naqueles que se divertiam, naqueles que choravam, naqueles felizes demais, nos perdidos, nos novos, velhos, sábios e aprendizes de sábio. Ela achava tudo aquilo surreal para uma segunda- feira. Acendeu um cigarro.

Observei o cigarro queimando em sua mão congelada. Não, este cigarro não foi feito para tragar. Apenas para ver o tabaco ser queimado. Isso era de competência dela, somente dela. Desta garota que agora derramava lágrimas envergonhadas. Alguma tristeza atacaou a jovem? Alguma felicidade? Lembrança? Ou apenas emoção de queimar o tabaco e não tragar seu pulmão?

As lágrimas não podiam ser disfarçadas. Ela estava numa avenida movimentada e todos observavam aquela beleza molhada. Ela tentava fingir que era de felicidade. Mas jovem, desculpa, você sabe muito bem que tem lágrimas que não tem como disfarçar, e todos nós sabemos, isso é tristeza pura. Não quero julgar vossa senhoria, não quero achar que posso medir teus sentimentos, mas pelo menos encare suas tristezas.

Logo percebi que um rapaz se aproximava. Este rapaz, morador de rua, sem medo de tristezas chegou próximo a jovem, se entregou aos olhos mel da jovem e jogou para ela uma única palavra: encare. A jovem, sem reação, olhou para o morador da terra, desviou o olhar e agradeceu, de tal forma que ele e nem ela mesma conseguiu ouvir. Este, foi embora, sabia que o que poderia fazer pela criança, fez.

A jovem por um momento sofreu por dentro, abriu a bolsa e dessa vez acendeu um cigarro, tragou, tragou, tragou e jogou o médio cigarro no chão. Não era suficiente. Procurou a praça mais próxima, sentou num muro, pegou seu livro de capa clara, e acendeu seu radioativo e tragou como se a vida terminasse ali. Ou começasse.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

resolvi escrever (e talvez cheio de erros ortográficos)

Ele não pensou duas vezes, simplesmente jogou sua testa num impulso que seu corpo todo foi a frente, dando de frente ao único espelho do quarto. Sua testa controlava seus movimentos e seus olhares. Ali, era o momento que ele enfrentava seu maior medo: ele mesmo. Encarar naquele momento foi a pior coisa.

Não sei dizer se ele pensou, o que pensou. Ele só tinha um sentimento, um sentimento que voltou a pertencer seu corpo e alma nos últimos meses. A fuga. Ele sabia, sempre soube que ali não era o lugar dele. Aquele lugar lhe faz mal, vai corroendo aos poucos, e é graças a seus refúgios secretos que ele respira. Um ar que ora é puro e iludido e ora é poluído e cheio de risos sarcásticos.

Seus olhos andavam num movimento frenético, não eram linear, não tinha direção. Derrepente tudo apagou. Ele se jogou, pra aonde ele não sabia o que lhe esperava. Veio ao seu encontro um chão gelado cheio de monstros reais que começaram a despir o moço que anda perdido pela vida. Nú, era puro e sem sentimentos. Pena ter durado cinco segundo, pois logo veios os espelhos, e ele se observando nú foi como um pesadelo. Não por sua fisionomia desgastada, e sim por ver quem ele realmente era. Os vultos perseguiam no chão, e derrepente a água caiu na cabeça ensanguentada, e aquela água de vidro era o que ele chamava naquele momento de eu-despedaçado.