segunda-feira, 18 de maio de 2009

observatório.

Chorava feito criança. Ainda era uma criança, inocente e sem malícia. Descia as ruas com pouca roupa, e pouco pensava o que os burgueses da vila iam dizer. Duas vezes sorriu ao atravessar a rua, quem viu o sorriso diz que não pertencia a mesma pessoa que deita na frente da igreja pra conversar com Deus. Era um sorriso imprópio. Na verdade todos sabiam que ela nunca foi ela mesma, nunca tomou conta de suas atitudes e de sua insustentabilidade. Se era inteligente, não posso afirmar; se era infeliz, também não hei de afirmar. Ela nunca foi, ela não é simplesmente nada.
Existe as mixiriqueiras das ruas que dobram e das ruas que seguem que comentam que cada dia é uma pessoa naquele corpo. Eu já não penso assim. Penso que é um psicológico afetado, afinal filha de lavadeira que nem ao menos sabe a diferença de uma camisa e uma calcinha, e sem pai desde o parto forçado na madrugada de 25 de dezembro.
Há aquelas que falam que determinadas pessoas nascem com partes do corpo virada à lua, e essa pobre moça que ainda nem nasceu. Falta- lhe o amor, a dor, a alegria, a bebida e o fumo. Ela ainda não havia nascido, mesmo com 22 anos.

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